Sabe aquele homem de altura invejável,
herói, digno de idolatria, em face de suas façanhas capazes de infiltrar-se como
cola no coração das pessoas! Pois é. Falo de um gigante. De uma figura
exponencial que foi extinta a longos anos, mas que flui como fagulha na memória
dos saudosistas.
Não falo de uma lenda. Nem de um fantasma
que perdurou enquanto era mistério. Refiro-me a uma realidade que se foi. Que
veio robusta e auspiciosa, mas que nos deixou nesta onde de saudade.
Quem não viveu os momentos gloriosos de
nosso queridíssimo Galo da Bandeirante? Um time de marcar época. Um excrete de
fazer inveja a muita gente. Orgulho de uma região. Marcas intransponíveis a
qualquer agremiação. Qual é o time no Brasil que apareceu do nada, mostrou a
face de uma região e depois desapareceu como sombra na noite?
Lembro-me que na época eu ia às regiões de
litoral. Ao apresentar-me como cidadão sul-mato-grossense não despertava
nenhuma sensação de galhardia em meu receptor. O muito que ouvia dele era de
que a única coisa que conhecia em meu Estado era uma equipe de futebol com o
nome de Operário.
Foi, sim, um time que temos de nos
orgulhar. Mostrou a face obscura de um Estado pouco conhecido nacionalmente. E
olha que ainda não havia a divisão do Estado uno. Ainda não tínhamos na
Bandeira Nacional a estrela a mais que em 1990 foi acrescida na sua
constelação.
O Galo por algumas vezes acordou e tentou
se levantar. Só um murmúrio indelével que não causou nenhum frisson. Voltou a
dormir sossegado. Hoje tenta reabrir os olhos e aparecer para o futebol
sul-mato-grossense. Não sei acordará definitivamente. Isso é uma coisa de
indagação duvidosa.
O que importa é que os corações estão
palpitantes! A velha rivalidade com o Comercial há de reacender essa chama. Os
Deuses do futebol sabem da importância desse time neste nosso carente Estado em
termos de evolução no futebol profissional. Um canal de televisão tem
contribuído com isso, mas, ainda é pouco.
Enquanto esse gigante não se levantar definitivamente.
Enquanto esse símbolo regional não se reerguer das cinzas. Enquanto os
empresários não se verem mais amarrados nas questões trabalhistas do passado,
não teremos a certeza de que os olhos desse gigante voltarão a brilhar
intensamente. O fato é que o destino nos reservou esse estado de leniência que
esperamos ser passageiro. Espero que possamos rever o Galo brilhando como foi
um dia.