AS MULHERES
(Hélio da Rosa Machado)
Na semana
que antecede o dia internacional da mulher muito se fala - e continuamos a
falar todos os dias de nossas vidas - que se trata de um dia prodigioso que
assinala uma existência ímpar em nossa humanidade, quando comemoramos o dia de
todas Elas. A mulher mãe está no mundo
com a missão mais sublime do ser humano que é a capacidade de gerar outra vida
humana, através das vicissitudes que Deus lhes ofereceu através do seu
organismo (casulo do embrião) e de todas as fases da evolução do feto.
Mas não é
apenas essa circunstância física que encanta, pois a mulher vive uma vida com
responsabilidade superior à do homem, já que seu apego à criança se consubstancia
desde a concepção até sua vida adulta, criando um vínculo que vem expressado na
própria placenta que se rompe, necessariamente, pelo nascimento, mas cujo
vínculo não se perde, eis que perdura pela afinidade e pela cumplicidade que se
estabelece pela própria convergência
entre o corpo e a alma. Aqueles nove meses de gestão são o bastante para criar
marcas inequívocas que ficam impregnadas pela vida toda. Não precisa ser uma
mãe presente para que isso ocorra, pois uma mãe que por circunstâncias alheias
se viu longe da cria, jamais se esquecerá que um dia foi capaz de gerar e de
deixar no mundo um ser humano.
São muitos
os exemplos que percorrem nossa história de mães que muitas vezes ficam
sozinhas no mundo à mercê da sorte, tendo que dar subsistência aos filhos que
sempre estão sob sua tutela, quando o pai se dá o desfrute de percorrer outros
caminhos, deixando a família sob as agruras da miséria e do desamparo. Assim, a
história ensina que o pai abandona e até esquece, mas a mãe jamais, pois, mesmo
que venha a se desvincular da sua condição de mãe que cria, certamente ficará
refém da perda e sempre terá em pensamentos o seu vínculo com aquela
natalidade.
Por todas
essas razões e também pela luta travada pela mulher no decorrer de nossa
história, nós, pobres homens só temos a reverenciar todas a mulheres pela
altivez de sua existência. Isso nos leva ponderar que nunca seremos nada e
nunca seremos tudo, enquanto não estivermos conscientes de que toda a nossa
existência deve ser creditada a uma mulher, ou, a duas, ou, a três, de acordo
com nossa contingência pessoal. A pluralidade das mulheres citadas não se
resume a silhueta absurda do chamado “machão” que procura manter sua virilidade
com base em relacionamentos poligâmicos. Estou falando de mulheres múltiplas que nos
dão amparo, vislumbrando uma escala de hierarquia, nas diversas fases de nossa vida.
Nesse contexto, surge em primeiro lugar, a mãe que zelou pela nossa existência
desde nossos primeiros dias. Depois, vem a esposa que se propõe a ficar ao
nosso lado enfrentando todas as nossas fraquezas e construindo ao nosso lado
uma família. Por derradeiro, nossas filhas ou nossas filhas, que expressam
dentro do seio familiar o elo de carinho e de ternura que se conjugam num
universo generalizado, conquanto são poucos os filhos que são capazes de
retribuir o amor com tanta intensidade como o de uma filha.
Não
obstante todas essas qualidades a mulher, ela teve de exorcizar-se no decorrer
da história, para poder conquistar mais espaços nesse mundo cruel da
competitividade, sempre liderada e, às vezes, espezinhada pelo varão. Existem até hoje países em que os homens têm
poder indefinido, conquanto suas parceiras estão relegadas à humilhações, como o
fato de ter de esconder o rosto, usar roupas que signifiquem imagem de pudor,
como se elas não soubessem o caminho da lealdade e da fidelidade.
Existem
países em que o varão pode possuir várias mulheres, porém desconheço o país que
admite que uma única mulher tenha vários homens. Se isso ocorrer, logo vem a
pecha de discriminação com a mulher, já que na maioria das vezes é chamada de vadia e sem escrúpulos morais. Assim, o seu
sofrimento se exprime na própria vanguarda dos costumes que a coloca como ser
subserviente, mas jamais como ser servido.
Mas nada
disso impediu que a mulher no seu espírito de guerreira fosse à luta e aos poucos
alcançasse lugar de destaque no mundo ascendente, tanto que neste momento
estamos vendo, com grande satisfação, que nosso Brasil, uma das grandes
potências mundiais em ascensão, já é governado por uma mulher.
As próprias
relações trabalhistas estão admitindo cada vez mais a presença da mulher na
cúpula de grandes empresas e todas que têm chegado a esse patamar demonstram capacidade
e alto discernimento no mundo dos negócios. Assim, também no mundo competitivo
e cruel que se instalou nos Países capitalistas, é a mulher tem alcançado um
nível de evolução que jamais foi imaginado a algumas décadas do passado.
Por tudo
isso, no dia 08 de março de 2012, nós homens temos de levar às mãos para os
céus e agradecer por termos ao nosso lado uma grande mulher. A mais notável
para o nosso mundo individual é aquela que - em particular - comunga com nossas
fraquezas, mas que nos diz em todo momento que somos fortes. Isso é o bastante
para enfrentarmos as dificuldades e nos fazermos pessoas hegemônicas no mundo
dos homens.