Neste domingo cheguei ao meu lar e tentei dizer para minha esposa que tinha visto algo maravilhoso que me encantou em termos de lucidez artística. Entretanto, ela não me deu a atenção que eu achava que merecia. Minha emoção era tamanha e tão grande, que não consegui descrever em palavras o que queria dizer. Simplesmente quis abreviar minha emoção, falando que tinha visto e ouvido três artistas que, para quem ouvia minha voz, que estava misturada com minhas emoções etílicas talvez não fossem tão importantes, afinal, eram frutos de observação incompleta, diante do senso comum da sensatez e da clareza das ideias. Ou melhor, era alguém que já tinha bebido um pouco querendo falar de algo concreto e sensato.
Assim, quando cheguei em casa tentei externar minha alegria. Fiquei frustrado por não conseguir expressar, com palavras, qual teria sido a dimensão de minha euforia quando ouvi um trio de artistas se apresentar num palco simplório, exibindo singular talento e tamanha desenvoltura artística capaz de tirar de meu olhos algumas lágrimas de empatia e de admiração.
O trio Canto A3, se analisado pela simples palavra de um escritor, vai parecer estória de alguém que queira promover-se através de um domingo qualquer, quando não tinha nada para escrever. Quem pensar assim, jamais terá a oportunidade ver e ouvir o que vi e ouvi pelos meus próprios olhos e ouvidos. Se alguém for capaz de confiar na minha lucidez, posso afiançar, que faz tempo que não vejo em Campo Grande, especialmente nos shows de iniciantes, performance tão significativa e tão empolgante quanto a que vivenciei hoje ao assistir esse trio que, se alguém quiser me execrar que o faça pelas nossas origens, já que os artistas em questão também são de Amambaí.
Vamos aos que eles fizeram, para me deixar tão empolgado. Antes de eles aparecerem já corria o ‘zum-zum’ de que estaríamos diante de artistas de primeira. Eu imaginava que seriam mais alguns que, como artistas, iriam apresentar-se diante daquela performance que todos esperam, ou sejam, iriam tocar, cantar e, com isso, exibir músicas regionais que são frutos de nossa expectativa.
Até no repertório eles surpreenderam. Tocam, sim, chamamés e músicas regionais, mas, em estilo clássico, com o gabarito de um violão acústico refinado, com toques a lá Marcelo Loureiro. Superaram nosso artista de renome, já que além do repertório clássico, ainda exibiram vozes extraordinárias, através de um trio de vozes clássicas correntinas, variando entre o grave de duas vozes masculina e a sensibilidade de uma voz feminina. As letras, na maioria delas, de origem castelhana, deram um plus nostálgico do tempo em que os trios, ou os duetos castelhanos, vibravam os corações portenhos, através de interpretações bombásticas que superam a mesmice dos arranjos chamamezeiros.
Apaixonei-me de verdade! Até a interação com a galera presente foi uma demonstração de que aquele grupo está preparo para brilhar na mídia nacional. Não tenho pretensão nenhuma de ser o primeiro a dizer sobre a possibilidade de sucesso de desse trio maravilhoso. Aqui, sou apenas um testemunho. Sou alguém empolgado com a capacidade artística desses meninos de Amambai.
Eu vi aquele cabeludinho, magrelo, em certo momento do seu show, depois de largar o violão executado com maestria, apossar-se de um violino e, fazendo-se cego ante sua história de instrumento clássico, apegar-se às raízes da nossa história regional, para desenvolver acordes fronteiriços, produzindo música chamamezeira e estremecendo a galera presente que nesse momento só teve o trabalho de emudecer e vibrar com o coração, quando a dupla (casal), com microfones sem fio veio até o meio da galera para cantar e reproduzir música genuína. Eu também via quele terceiro que ficou no palco, com seu violão básico, segurando a barra das entrelinhas das músicas, com aquele rasqueado que, numa sequência poética, através das notas cantadas ao vivo, permanecia imponente no seu posto de maestro.
Ainda bem que Deus me deu o dom de escrever e de dizer sobre as minhas emoções. Não fosse por isso, aqui estaria eu tentando dizer para minha esposa o quanto vibrei neste domingão, mas, sem saber dimensionar o grau de minha euforia.
Tentei dizer em palavras, mas, não consegui. Ninguém se atenta para aquilo que o coração não viu. Talvez as palavras, apenas elas, possam dizer a dimensão do coração que bate forte. É exatamente isso. Chequei tentando dizer que havia visto algo lindo e maravilhoso. Não consegui. Disse que ia escrever tudo... Foi o que fiz...
Se você, caro internauta, ficou sensível com minhas palavras, aguarde que em breve sentirá a mesma coisa quando tiver o prazer de presenciar um show desse trio de anônimos, mas, que tenho certeza, em breve figurarão como estrelas na configuração do cruzeiro estelar aqui da terra. Aguarde e verás...Não costumo exagerar no que digo, mesmo quando estou refém de alguns tragos...
O nome deles é: Canto A3.
Detalhe: Não ganhei um tostão para fazer esses elogios. Acontece que, quando a gente, que não é dá imprensa empresarial vê algo bom e útil para somar no universo moral da pessoas, só nos resta divulgar e aplaudir.
Agradecimentos especiais ao Alziro do Amaral - o Alzirê, Ingua-In (sobrinho do fotógrafo amambaiense Nicanor Amaral), que cedeu as fotografias abaixo.
Comentários (4)
Enviado por: Alziro, em: 10/06/2012 21:02
Realmente, amigo Machadinho... Que talento, que carisma tem aquele trio! Eu vou contar um episódio: Há algum tempo atrás, meu genro, que é professor de música, violonista, guitarrista e baixista e grande observador e crítico da boa música, mandou-me um e-mail anexando um arquivo do Yotube, onde o Juninho se apresentava sozinho com seu violão. O professor (mestrando) Pieter Ramaher (meu genro, no caso), assim se expressou: "presta atenção nesse guri. O carinha é de Amambai". Assisti o vídeo, curti e achei muito legal e avaliei: será um novo Paulo Arguelho, um Marcelo Loureiro, afinal, um violonista de qualidade. Mais um violonista de qualidade entre tantos que nosso MS produz. Mas hoje fui felizmente surpreendido. O Juninho, juntamente com seu irmão e sua sobrinha fizeram um show, com interpretações maravilhosas, com instrumentos executados com maestria, arranjos, capela de vozes, canto a três e, com a partitipação da uma quarta pessoa (feminina), executaram músicas a quatro vozes. E o violino, simplesmente perfeito, utilizando o VHF (sem fio) e interagindo com a galera, incluindo um cafuné no Tuchão (rsrsrs). Os caras são realmente carismáticos e super talentosos. Parabéns a eles, que fizeram a alegria dos presentes. Valeu mesmo. Excelente matéria, Machadinho!
Enviado por: Hélio , em: 11/06/2012 07:36
Estavam presentes nesse show surpresa, o Edson, esposa e filha, o Tuchão e o Alziro. Eles são testemunhas da beleza que tivemos a grata satisfação de acompanhar ao vivo. Esse trio ainda vai dar o que falar aqui em nossa Capital Morena.
Enviado por: TUCHÃO, em: 11/06/2012 13:36
abraço amigo Helio, pela lembrança do meu aniversário, espero voce hoje a noite em casa e todos da bancada, que puderem comparecer, rua. barão de mauá, nº 482 Santo Antonio, tem carne de sol assada. foi feliz o amigo ao barabenizar o TRIO, pois nos fizeram em poucos momentos, sentirmos saudades do passado, foi uma bela tarde, abraço a todos.
Enviado por: Claudimeire Vieira, em: 17/06/2012 10:17
Olá Hélio
Já faz algum tempo que tive a felicidade de conhecer esse trio. Senti a mesma emoção que você descreveu acima.Esses meninos com certeza vão fazer história na música sul-mato-grossense.
Aqui na minha casa todos somos fãs deles. Inclusive tenho até um CD que eles gravaram para demonstração do trabalho.
Parabens por divulgar grandes talentos. Faço parte do Centro Cultural do Chamamé e fiz uma entrevista com eles que está no site chamame.com.br .Quando puder acesse para saber um pouco mais sobre o trio.
Grande abraço
Claudimeire