Às vezes alguém deve se perguntar, quando me
refiro à minha cidade natal que é Amambai, o porquê de eu tanto salientar essa
minha origem, considerando que todos me conhecem como campo-grandense, já que é
aqui que me radiquei?
O fato é que vivo mais tempo em Campo Grande do
que vivi em Amambai. Assim, considero-me mais campo-grandense do que
amambaiense. Aliás, já oficializei a paixão de ser desta Capital, através do
reconhecimento que me foi ofertado, gentilmente, pelo nosso Vereador Athayde
Nery de Freitas, a quem agradeço de coração pelo título a mim dedicado.
Diante disso, Amambai não passa de uma singela
lembrança de minha infância. Quem não tem saudade dos tempos de guri? São
momentos em nossas vidas que ficam marcados na lembrança, por que foram vividos
intensamente, através das molecagens e outras facetas que ficam eternizadas graças
aos ousados vínculos com nossa infância.
Mas, é aqui em Campo Grande que me tornei um homem
verdadeiro. Foi aqui nesta Capital que tive as primeiras noções de responsabilidade,
ao acumular compromissos com o futuro, ao ter que trabalhar ao mesmo tempo
estudar. Era uma vida difícil, mas compensatória, visto que além de eu estar me
aprimorando no caráter, estava conquistando aos poucos um espaço social perante
a comunidade em que eu me relacionava.
Foi no Poder Judiciário, através de meu ingresso
no Fórum situado na Rua 26 agosto, trabalhando com pessoas de eminente acesso ao
mundo jurídico que fui construindo meu conhecimento empírico em torno das
atividades judiciárias e das teorias do direito como um todo. Posso citar entre estes dois saudosos expoentes
que já se despediram da vida carnal que são: Carlos Gilberto Gonzales e Assis
Pereira da Rosa, o primeiro era o cartorário em que eu era subordinado e outro
era o magistrado para quem eu assistia como membro de um Cartório Criminal.
A constância dos diálogos e a vida que eu passei a
desenvolver com as atividades judiciárias levaram-me a mudar minha ótica sobre
o meu futuro, já que no início eu pensava em ser engenheiro ou algo do gênero. Entendi
que meu caminho estava sendo desenhado através do primeiro emprego que tive
aqui em Campo Grande. A grande Morena me incentivou a crescer com aquilo que eu
ganhei logo que aqui cheguei que era o meu primeiro emprego. Foi nesse ritmo e
deixando a vida me levar, que cheguei à conclusão que deveria cursar a
faculdade de direito. Passei no vestibular em 1980. Na época também passei em
um concurso da Polícia Federal. Não quis ir trabalhar como policial, porque
tinha outros planos que era continuar no Poder Judiciário. Deu no que deu.
Formei-me e o cargo me levou a inúmeras funções no Tribunal de Justiça, até que
fui servir um Gabinete, Lá fiquei por 15 anos. Incorporei meus salários nesse patamar.
Hoje, em vésperas de adquirir direito à
aposentadoria integral (janeiro.2014), não tenho a mínima pretensão de me
afastar das lides ou de minhas atribuições como assessor no campo jurídico. Eu executo
minhas funções com prazer e com satisfação. Faço o que gosto, por isso não
quero me aposentar com apenas 56 anos de idade. Acho que ainda posso contribuir
para que o as demandas permaneçam céleres e com a certeza de que a conclusão seja
amparada na melhor exegese. Assim, minha pretensão não é de aposentar-me para
que sobre mais tempo para eu deliciar-me com as pescarias. Creio que o lazer é
mais gostoso quando curtimos em pequenas dosagens.
O fato é que cheguei aos meus 35 anos de serviço
público e ainda não adquiri direito integral à aposentadoria porque não tenho a
idade especificada na lei. Mas, orgulho-me de ter servido todos esses anos ao
Poder Judiciário de Campo Grande-MS.
Foi, aqui, vendo a Justiça crescer e tornar-se o exemplo que é hoje,
toda aparelhada com o processo digital, que aprendi a conviver e a admirar meus
companheiros auxiliares do Poder Judiciário. Foi assim que me tornei cidadão
campo-grande, ou seja, caminhando junto com todos que contribuem para o bom
andamento da Justiça.
A parte mais gratificante, porém, foi o ensejo de
ter construído, juntos com muitos outros valiosos companheiros, a história de
nossa categoria do funcionalismo, especialmente, daqueles que labutam nas
serventias do Poder Judiciário. Fui um dos primeiros presidentes da gloriosa
ASPJMS e junto com a FEDERASUL nos anos de 85 e 86 fizemos o maior movimento
sindical que os servidores público já conheceram.
Ajudei a construir e mantive atuante, por muitos
anos, a parte esportiva tanto da ARTJMS, como da ASPJMS e do atual SINDIJUS.
Erradiquei-me no futebol amador desta Capital por anos a fio. Junto com
companheiros de grande valor idealizei e executei por muitos anos os
campeonatos internos realizados em nossa Arena Esportiva, isso desde os idos de
1989. Vários eventos esportivos foram realizados que hoje deixam a história
registrada em nossos quadros de vencedores estampados na galeria de nosso clube
social.
Enfim, não posso me considerar cidadão com outra
paixão que não seja a de bater no peito e orgulhar-me de ser um cidadão
campo-grandense.
Foi aqui nesta Morena que fiz com
que tudo valesse a pena. É nesta urbe de encantos que ainda luto tanto. Para que
as pessoas se juntem numa sinfonia de cantos. Cantando as coisas desta Cidade.
Onde tudo acontece com lucidez. Sem hora nem vez. Mas, com muita intensidade.
Além de todas as belezas naturais. Que se misturam entre a flora e a fauna. Em
cenários sem iguais. Com a união dos bichos e das matas. Em parque sem poderes.
Que são comandados pelos povos. E não pelos que acumulam tais deveres. Essa é
minha Capital de todos nós. Que vive no meu coração e de nossos avós. Por isso
tenho orgulho de ser campo-grandense. Por que aqui tudo me pertence.
Comentários (2)
Enviado por: Emerson Morilho, em: 29/03/2013 11:26
Parabéns Hélio Machado eu também tenho muito orgulho de morar na cidade morena - Campo Grande / MS
Enviado por: Osvaldo - Sindijus, em: 29/03/2013 13:24
Acredito que, antes de ser uma homenagem, o título de cidadão campograndense é um reconhecimento por toda contribuição prestada por esse exemplar ser humano chamado Hélio Machado. Como todo ser humano tem suas virtudes, seus méritos, seus pequenos defeitos e, sobretudo, sua vontade de ser destaque no meio em que convive. Neste mister, o Hélio conseguiu se destacar tanto outrora como atualmente, já que é um dos poucos expoentes do Poder Judiciário de nosso Estado, que permanece fiel às suas origens, tanto naturais (homenageando a sua Amambai), quanto permanecendo sindicalizado ao Sindijus-MS, apesar de todos os percalços pelos quais passamos nesses 35 anos de existência como associação (ARTJMS e ASPJMS) e, agora, Sindicato. Parabéns Hélio, por sua postura, por seus exemplos e pelas conquistas realizadas no decorrer de sua carreira. Antes de ser uma auto-exaltação, o texto ora publicado nada mais é que uma mini-biografia de um trabalhador do Judiciário que, como a grande maioria de nossos trabalhadores, gosta do que faz e jamais abandona seus princípios!