Talvez se
fôssemos procurar um sentido filosófico para a derrota do Brasil na tarde de
ontem, diríamos que aquilo tudo foi capaz de causar em nós uma profunda e
duradoura DECEPÇÃO. Dizer que a derrota
foi histórica não basta para preencher toda lacuna que ficou armazenada no
coração de milhões de brasileiros. Essa derrota foi a misturada de vexame com
vergonha.
Transbordou
um resultado que jamais seria imaginado. Vazou algo de um casco que parecia ser
impermeável. Afundou o barco sem que houvesse uma tempestade que pudesse
justificar o naufrágio. O que todos se perguntam hoje é o porquê de as coisas
terem acontecido da forma tão drástica? Pareceu uma chicotada no ego. Foi um açoite
ou um coice de um animal já que veio de uma forma tão inesperada e
surpreendente.
Seria algum
sinal dos Céus para que o nosso país tome jeito? Se fosse isso deveria vir com
doses ‘cavalares’ de consciência coletiva para que nosso povo parasse de se
iludir tanto com coisas que às vezes parecem grandes, mas se formos
visualizá-las em um contexto mais amplo veremos que são tão pequeninas que não
passam de um grão de areia no universo de uma praia.
Futebol
é coisa que emociona e apaixona, mas não é algo importante que possa tornar
nosso país o melhor do mundo. Sucede que a nossa CBF reúne na sua história notáveis
dados negativos na balança moral, porque enredada em negociações milionárias que
envolvem marcas, manipulação de jogos, interferência em grade televisiva e
influência nas sub-sedes regionais que nem sempre gerem o bom futebol, porque
às vezes estão nas mãos de pessoas que só prezam o interesse pessoal.
O
resultado em campo de nosso selecionado no jogo de ontem é só a dor de uma
injeção que cala na pele, mas que deve ser base da cura de nossas indiferenças
com as coisas mais importantes do país. E olha que não estou falando das
próximas eleições. Estas terão a mesma rota das anteriores. Muita distribuição
de valores monetários, com retórica favorável à população, mas com resultados
quase sempre os mesmos, ou seja, só darão abertura para o poder. O resto é
coisa para se ajeitar depois que o mandato estiver nas mãos.
Nossos
jogadores fizeram o que foi possível. Seres humanos quando chegam à beira do
abismo acabam se desesperando e correndo para bem longe com medo de caírem no
precipício. O que mais afetou ontem foi o psicológico dos jogadores. Eles não
estavam preparados para levar o primeiro gol. Como sabiam que seria muito
difícil ‘correr atrás do prejuízo’ (sem o Neymar) acabaram sucumbindo diante
daquilo que qualquer um de nós sente nos momentos de apuro – puro medo. Eles
próprios criaram o fantasma da ausência do Neymar. Potencializaram esse fato.
Isso lhes causou pavor, no momento em que não puderam fazer dentro de campo o
que prometeram. Aí foram levando um gol atrás do outro. A Alemanha até que foi
complacente com nosso sofrimento porque ficou visível que em certo trecho do
jogo ‘desacelerou’ seu ímpeto para não aplicar uma goleada ainda maior.
Entretanto,
fazer a Copa no Brasil não significava que teríamos a obrigação de ficar com o
título. A única coisa que nos favorecia era o ambiente favorável e nada mais.
Não temos mais craques. Tanto é assim que o único existente em nosso
selecionado era o Neymar. “Uma andorinha não faz verão’.
O nosso
selecionado não tem a frieza dos alemães. Se fossem eles que tivessem tomado o
primeiro gol, certamente, não teriam perdido de 7 X 1. O jogo de hoje entre
Argentina e Holanda demonstrou o quanto as equipes estão niveladas. Um jogo sem
emoção alguma.
Tanto que foi decidido nos pênaltis.
Os nossos
atletas demonstraram que ainda não têm maturidade suficiente. Faltou no time um
líder a Lá Dunga que chamasse pelo brio na hora do aperto. Diante disso, penso
que disputar o 3º lugar é um bom resultado. Poderia ser muito pior caso nossa
seleção tivesse encontrado nas fases anteriores um time da qualidade dos
alemães.
Comentários (2)
Enviado por: ALEX SINDIJUS, em: 11/07/2014 14:54
Helio, peço autorização para publicar no meu Facebook esta matéria. att
Enviado por: helio, em: 12/07/2014 09:47
Ok Alex. Fique à vontade!