Prezado internauta:
Dando sequência à idéia de deixar nosso visitante à par de nosso pensamento e das nossas reflexões, através de matérias de minha autoria, onde procuro debater assuntos do nosso cotidiano, lembrei-me hoje de um tema que me fez refletir em algum momento dos meus escritos.
Comecei meu hobby de pescaria em lagoas, pescando a afamada TRAÍRA, peixe voraz e agressivo.
Um belo dia, pescando uma delas, passei a me perguntar o porquê desse bichinho estar associado a um hábito pouco comum, mas que, vez ou outra, nós acabamos por encontrar em nossa coletividade. Falo de determinadas pessoas que nosso sábio ditado popular denominou de: TRAÍRA.
Segue matéria sobre o assunto:
A TRAÍRA
(Hélio da Rosa Machado)
Pensando numa pessoa dissimulada, lembrei-me dessa palavra relativa a um peixe de mesmo nome, que pela sua sagacidade e forma de alimentar-se ressurge repentinamente de um local bem escondido e surpreende a presa pela velocidade e pela circunstância elementar de sua forma de caçar.
Daí vem aquela constatação: - Será que a denominação de “traíra” (nome dado à pessoa dissimulada) foi em homenagem a esse peixe das lagoas? Ocorre que a pessoa, com a índole de traíra age dessa mesma forma. Ou seja, fica escondida num local e, inesperadamente, surpreende alguém com suas garras de predador ou de predadora.
Estou tentando definir a origem dessa denominação popular, porque esse tipo de pessoa sempre atravessa nosso caminho.
Eu tenho o hábito de não rotular ninguém através de conceitos prematuros. Assim não corro o risco de envolver-me em opiniões que não sejam reais. Por isso, busco alcançar dados concretos provenientes de um relacionamento mínimo que possa orientar-me através de condutas, posicionamentos, iniciativas, tendências etc. Assim, a princípio, toda pessoa que conheço é pura na alma, não tem vícios, é confiável e pode ser minha amiga.
Só o tempo mostra como as pessoas são. Depois dessa espera podemos enxergar com maior precisão as pessoas que correspondem à nossa expectativa e também aquelas que nos desagradam por não serem confiáveis.
O importante de tudo isso é que no final chegamos à conclusão de que muitas pessoas são boas. Só a minoria nos decepciona, porque são dissimuladas e incapazes de sustentar o que dizem. Agem como se tivessem uma couraça de proteção contra a verdade e assim buscam sempre o conflito através de informações distorcidas, levando notícias truncadas, visando causar desconforto entre os semelhantes.
Esse tipo de pessoas fala as coisas com tamanha convicção que acaba convencendo aqueles menos avisados. O importante é ficarmos preparados para não nos deixamos iludir por artimanhas. Quando já conhecemos a pessoa por episódios do passado a única coisa que nos resta é a seguinte constatação: - Como ela é “cara-de-pau”!. A verdade é que a máscara que está cobrindo o rubor do semblante daquela pessoa pode torná-la capaz de alcançar seu objetivo num primeiro momento, mas vai se dissipando com tempo que conspira em favor da verdade. As mentiras são incompatíveis com os fatos e acabam sendo desvendadas pelas contradições e pela incapacidade de serem reproduzidas de forma harmônica.
Não vejo qual a graça de se ter um comportamento desse tipo, pois a tendência de uma pessoa de tal índole é alternar seu círculo de convívio, pois uma mentira aqui, outra ali, vai afastando as pessoas. E o que é mais grave: perde a credibilidade. Assim, quando tal pessoa deseja falar a verdade ninguém vai acreditar. Aliás, o máximo que pode ocorrer é alguém fingir que acredita, criando-se uma situação de mal-estar que não é compatível no relacionamento de pessoas de bom caráter.
Enfim, cada pessoa sabe o que é melhor para si. Viver à margem dos limites ponderáveis em uma sociedade é o mesmo que viver no “fio da navalha”, pulando de galho em galho como fazem os primatas, que são irracionais, mas nem assim podem ser chamados de “caras-de-pau”.